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A onda P


A onda P é uma das várias ondas do eletrocardiograma (EKG). É uma pequena onda observada no início de cada ciclo cardíaco.

A onda P fornece informações cruciais sobre a despolarização atrial e os distúrbios do ritmo cardíaco.

Neste artigo, exploraremos as complexidades da onda P, sua importância e suas implicações para a análise do eletrocardiograma.


Onda P normal

A onda P é a primeira deflexão do ciclo cardíaco vista em um eletrocardiograma. Ela representa a atividade elétrica associada à despolarização atrial.

A onda P normal é uma onda arredondada, vertical e de baixa amplitude, semelhante a uma colina suave, que é imedi atamente seguida pelo complexo QRS. Sua duração normal é de 0,08 s e 0,10 s (2 a 2,5 mm) e uma amplitude máxima de 0,25 mV (2,5 mm de altura).1

Como é gerada pelo nó sinusal, a onda P é positiva em todas as derivações, exceto na derivação aVR, onde é negativa, e em V1, onde deveria ser isobifásica.1

Componentes da onda P

A onda P é formada pela sobreposição da despolarização do átrio direito (parte inicial) e do átrio esquerdo (parte final).

Na derivação V1, onde a onda P é isobifásica, é comum observar os dois componentes, com a primeira porção positiva correspondendo ao átrio direito e a segunda porção negativa correspondendo ao átrio esquerdo.1

Distúrbios da onda P

Sobrecarga atrial direita

Artigo relacionado: Sobrecarga atrial direita.

A dilatação do átrio direito geralmente produz alterações na onda P, especialmente em sua parte inicial.

A sobrecarga atrial direita causa um aumento na amplitude da onda P, ou seja, uma onda P maior em 2,5 mm. Se não for acompanhada de sobrecarga atrial esquerda, não haverá aumento na duração da onda P.

Essa onda P alta com duração normal é classicamente chamada de onda P pulmonale. Ela é vista mais claramente nas derivações inferiores.

Eletrocardiograma de sobrecarga atrial direita

Sobrecarga atrial direita:
Onda P maior que 2.5 mv sem alargamento.


Sobrecarga Atrial Direita na derivação V1

Sobrecarga atrial direita:
Onda P com sua parte inicial com maior voltagem.

Na derivação V1, um componente inicial alto (maior que 1,5 mV) com duração normal também é observado.

Em resumo: O sinal mais notável do crescimento do átrio direito é uma onda P alta, maior que 2,5 mm (2,5 mV) em derivações inferiores e com um componente inicial em V1 alto, maior que 1,5 mm.

A presença de onda P pulmonale no eletrocardiograma é um sinal com sensibilidade e especificidade limitadas, uma vez que nem sempre está presente quando há dilatação do átrio direito pelo ecocardiograma e pode ser observado em pacientes com átrio direito normal.1

Mais informações em: Sobrecarga atrial direita.

Sobrecarga atrial esquerda

Artigo relacionado: Sobrecarga atrial esquerda.

A dilatação do átrio esquerdo produz, na maioria dos casos, mudanças na onda P, especialmente em seu componente final, sendo observado um alargamento da onda P maior que 0,12 s.

Às vezes, os componentes direito e esquerdo da onda P são ligeiramente separados, dando à onda P uma forma de letra "m" minúscula, classicamente chamada onda P mitrale.

Eletrocardiograma Sobrecarga Atrial Esquerda

Sobrecarga atrial esquerda:
Onda P maior que 0,12 s com forma da letra m (seta vermelha).


Eletrocardiograma da Sobrecarga Atrial Esquerda na derivação V1

Sobrecarga atrial esquerda:
Onda P larga com a parte negativa mais larga e mais profunda.

Além disso, na derivação V1, a profundidade do componente final negativo é maior que a altura da parte inicial.

Em resumo: O sinal mais notável da sobrecarga atrial esquerda é uma onda P larga, maior que 0,12 s ou 3 quadrados pequenos, com predomínio da parte final negativa na derivação V1.

A presença de sinais eletrocardiográficos de dilatação do átrio esquerdo é um dos critérios para o diagnóstico de hipertrofia ventricular esquerda (HVE), sendo ainda um dos poucos sinais de HVE detectáveis no ECG em pacientes com bloqueio completo do ramo direito (veija hipertrofia ventricular esquerda).

Mais informações em: Sobrecarga atrial esquerda.

Ondas P ectópicas

As ondas P ectópicas são estímulos originados em uma região dos átrios diferente do nó sinusal.

As ondas P ectópicas têm uma morfologia diferente das ondas P normais, sendo negativas em derivações onde a onda P sinusal é geralmente positiva (derivações inferiores, lateral ou V2-V6).

Se as ondas P ectópicas forem isoladas, elas são chamadas de extrassístoles atriais. Se ocorrer um ritmo em que todas as ondas P são ectópicas, ele é chamado, dependendo da frequência cardíaca, de ritmo atrial ectópico ou taquicardia atrial.

Ondas P retrógradas

A onda P retrógrada ocorre quando um estímulo elétrico da junção AV ou dos ventrículos despolariza os átrios. Não é um distúrbio em si, mas uma consequência de outro distúrbio do ritmo.

Geralmente aparece na taquicardia por reentrada nodal ou nas arritmias ventriculares, tanto nas extrassístoles ventriculares quanto nas taquicardias ventriculares.

Geralmente é vista como uma onda negativa nas derivações inferiores. Geralmente está inscrita no complexo QRS como um entalhe ou como uma onda S falsa nas derivações inferiores que não está presente no ritmo sinusal.

Ela também pode ser vista no segmento ST ou inscrita na onda T. Em alguns casos, pode estar antes do complexo QRS como uma onda P negativa nas derivações inferiores com um intervalo PR curto.


Ausência de ondas P

Flutter Atrial

Artigo relacionado: Flutter Atrial.

Flutter atrial típico anti-horário

Flutter atrial típico anti-horário:
Ritmo regular a 100 bpm com ondas F negativas nas derivações inferiores.

No flutter atrial, as ondas P desaparecem, pois a atividade atrial normal é substituída por um circuito de macroreentrada nos átrios nos átrios com uma frequência muito elevada.

Essa atividade causa ondas "em dente de serra", chamadas ondas F (flutter), que geralmente são mais bem observadas nas derivações inferiores.

Mais informações em: Flutter Atrial.

Fibrilación auricular

Artigo relacionado: Fibrilação atrial.

Fibrilação atrial no Eletrocardiograma

Fibrilação atrial:
Ritmo irregular a 66 bpm, ausência de ondas P, presença de pequenas ondas atriais com morfologias variáveis (ondas f).

Devido à estimulação atrial caótica, não há ondas P na fibrilação atrial, embora possam ser observadas pequenas ondas atriais com morfologias variáveis, chamadas de ondas f (fibrilação).

O eletrocardiograma da fibrilação atrial é caracterizado por intervalos R-R completamente irregulares.

Mais informações em: Fibrilação atrial.

Ritmos de escape

Na ausência de ritmo sinusal causada por doença do nó sinusal, geralmente há um ritmo de escape originado no nó AV ou no feixe de His.

O ritmo juncional AV (complexos QRS estreitos) também pode ser observado em crianças e atletas saudáveis.

Se o ritmo de escape ocorrer no nó AV, o ritmo de escape terá complexos QRS estreitos, a menos que seja acompanhado de bloqueio de ramo.

Se o ritmo de escape ocorrer abaixo da bifurcação do feixe de His, os complexos QRS serão largos.

A presença de bloqueio AV completo também causa um ritmo de escape, embora, nesse caso, as ondas P estejam dissociadas dos complexos QRS.


Referências

  • 1. Surawicz B, Knilans TK. Chou’s electrocardiography in clinical practice, 6th ed. Philadelphia: Elservier; 2008.
  • 2. Soos MP, McComb D. Sinus Arrhythmia. [Updated 2020 Jan 28]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537011/.
  • 3. Issa ZF, Miller JM, Zipes DP. Sinus Node Dysfunction. in Clinical Arrhythmology and Electrophysiology: A Companion to Braunwald's Heart Disease. Second Edition. W.B. Saunders; 2012, p. 164-174. doi: 10.1016/B978-1-4557-1274-8.00008-7.

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