Bloqueio atrioventricular de segundo grau
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Nos bloqueios AV de segundo grau se produz uma ausência intermitente da condução atrioventricular, o que provoca que nem todas as ondas P sejam seguidas de um complexo QRS, apresentando pausas na estimulação ventricular.
Classicamente são divididos em dois tipos, o bloqueio AV de segundo grau tipo I (Mobitz I ou Wenckebach) e tipo II (Mobitz II).
Neste artigo também abordamos o bloqueio AV de segundo grau com condução 2:1 e o bloqueio AV avançado.
Bloqueio AV de 2º grau, Mobitz I, fenômeno de Wenckebach
No bloqueio atrioventricular de segundo grau tipo I (Wenckebach) se produz uma pausa na condução AV com um alargamento progressivo do intervalo PR dos batimentos anteriores à pausa.
Em outras palavras, o intervalo PR se prolonga até que a onda P no é conduzida (fenômeno de Wenckebach). Também observa-se um encurtamento dos intervalos R-R prévios ao bloqueio AV.
Bloqueio AV de segundo grau, Mobitz I (Wenckebach):
Alargamento progressivo do PR até que uma onda P não é conduzida (em vermelho).
Características do eletrocardiograma
- Prolongamento progressivo do intervalo PR até que uma onda P não é seguida de um complexo QRS (onda P bloqueada).
- Encurtamento progressivo do intervalo RR até a onda P bloqueada.
- O intervalo RR que contém a onda P bloqueada é mais curto do que dois intervalos PP anteriores.
Se os intervalos PR anteriores à onda P não conduzida não são constantes, é também considerado bloqueio AV de segundo grau tipo I 1 2.
São necessários pelo menos dois intervalos PR antes da onda P bloqueada para poder determinar o tipo de bloqueio AV.
O bloqueio AV de segundo grau tipo I (Wenckebach) é considerado geralmente benigno, e geralmente é assintomático. Na maioria dos pacientes não se produz progressão a bloqueio AV de maior gravidade, embora em pacientes idosos é recomendado um controlo mais estrito.
Bloqueio AV de 2º grau, Mobitz II
O bloqueio strioventricular de segundo grau, tipo Mobitz II, é menos frequente e quase sempre significa doença severa do sistema de condução 3.
Diferencia-se do bloqueio AV de segundo grau tipo I por ter intervalos PR constantes, antes e depois da onda P bloqueada.
Características do eletrocardiograma
- Onda P no conduzida com intervalos PR prévios e posteriores de similar duração.
- Intervalo PR posterior à onda P bloqueada, de similar duração que os prévios.
- O intervalo R-R que inclui à onda P bloqueada é igual à soma de dois intevalos P-P.
Bloqueio AV de segundo grau, Mobitz II:
Intervalos PR constantes antes da onda P no conduzida, últimos batimentos com condução AV 2:1
No bloqueio AV de segundo grau Mobitz II, a alteração do sistema de condução é normalmente distal ao feixe de His, sobretudo se está associado a bloqueio de ramo.
Os bloqueios AV de segundo grau tipo II requerem implante de marcapasso definitivo por razões prognósticas, mesmo em pacientes assintomáticos 4.
Bloqueio AV de segundo grau tipo 2:1
No bloqueio de segundo grau tipo 2:1 se observa uma onda P conduzida que alterna com uma onda P bloqueada.
Dado que não existem dois intervalos PR consecutivos, é impossível determinar se o bloqueio AV de segundo grau é tipo I ou tipo II, porque não se pode determinar se o intervalo PR varia ou é constante 1.
Bloqueio AV de segundo grau 2:1
Alterna uma onda P conduzida com uma onda P bloqueada (em vermelho). O intervalo PR (azul) das ondas P conduzidas é constante.
Normalmente com uma faixa do ritmo ou com um holter de 24 horas, é possível determinar o tipo de bloqueio. Embora, em ocasiões é necessário um estudo eletrofisiológico.
Bloqueio AV de segundo grau avançado
No bloqueio AV de segundo grau avançado (ou de alto grau), se observa no ECG mais de uma onda P não conduzida consecutivas (3:1 ou mais).
Identificar o tipo de bloqueio AV de segundo grau é também difícil. Comparar os intervalos PR dos complexos conduzidos pode ajudar 1.
Bloqueio AV de segundo grau avançado:
Depois de uma onda P conduzida, dois ondas P bloqueadas (em vermelho).
Este tipo de bloqueio é de maior risco e de pior prognóstico do que os anteriores, pudendo ocasionar episódios de bradicardia severa sintomática.
O bloqueio AV avançado geralmente precisa implante de marcapasso definitivo, normalmente DDDR.
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Referências
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