Quando o estímulo elétrico proveniente do nó AV não é conduzido pelo ramo esquerdo do feixe de His, ocorre um bloqueio completo do ramo esquerdo.
Esta interrupção do impulso deve produzir-se antes da subdivisão do ramo esquerdo, porque se afeta apenas um dos fascículos ocorrerá um bloqueio divisional esquerdo.
Se ambos os fascículos do ramo esquerdo são afetados, tambén se produz um bloqueio completo do ramo esquerdo.
Bloqueio do ramo esquerdo
- 1. Nó atrioventricular e feixe de His.
- 2. Ramo direito normal.
- 3. Ramo esquerdo bloqueado.
Esta alteração impede que o estímulo elétrico despolarize o ventrículo esquerdo normalmente, porque só é conduzido pelo ramo direito, despolarizando inicialmente as regiões dependentes desse ramo (ventrículo direito e o terço direito do septo interventricular).
Depois, o estímulo passa através do miocárdio ao ventrículo esquerdo, aumentando o tempo de despolarização dos ventrículos (QRS alargado), resultando em anomalias no electrocardiograma.
Diferenças entre condução normal e bloqueio do ramo esquerdo
Condução normal:
No início do complexo QRS observa-se uma onda r pequena em V1 e uma onda Q pequena em V6, reflexo da despolarização da região esquerda do septo (primeira região que se despolariza).
Posteriormente, ambos os ventrículos são despolarizados, predominando as forças esquerdas, produzindo uma onda S profunda em V1 e uma onda R alta em V6.
Bloqueio do ramo esquerdo:
No ECG de bloqueio do ramo esquerdo, o septo é despolarizado desde o ramo esquerdo, em direção de direita a esquerda (ao contrário do normal), desaparecendo as ondas R e Q iniciais nas derivações V1 e V6, respectivamente.
Posteriormente, ocorre a despolarização de ambos os ventrículos, com predomínio das forças elétricas esquerdas fuerzas eléctricas izquierdas, mas com um tempo aumentado.
Isto gera em V1 uma onda negativa, profunda e larga (QS), e em V6 uma onda R alta e larga 2.
Diferenças entre o ECG normal e o ECG do bloqueio do ramo esquerdo:
Eletrocardiograma normal:complexo QRS estreito, morfologia de rS na derivação V1 e morfologia de rS na derivação V6. A onda é T normal.
Eletrocardiograma com bloqueio completo do ramo esquerdo: complexo QRS alargado. V1 com onda QS larga, e V6 com onda R alta e larga.
No bloqueio do ramo esquerdo tambén existem alterações da repolarização secundárias ás alterações da despolarização. Há depressão do segmento ST e ondas T negativas nas derivações com onda R alta (V5 e V6).
Lembre-se: a onda T é contrária ao complexo QRS.
Causas de bloqueio do ramo esquerdo
Ao contrário do bloqueio do ramo direito, o bloqueio do ramo esquerdo geralmente é associado com doenças cardíacas.
As principais doenças que causam bloqueio do ramo esquerdo são:
O bloqueio do ramo esquerdo pode ser a primeira evidência de uma doença cardíaca não conhecida. Todos os pacientes com diagnóstico recente de bloqueio do ramo esquerdo requerem um estudo cardiológico.
Tratamento do bloqueio do ramo esquerdo
O bloqueo do ramo esquerdo não requer tratamento em si. Se o bloqueo do ramo esquerdo foi causado por uma doença cardíaca, esta doença deve ser tratada.
Em pacientes com sintomas de síndrome coronariana aguda e bloqueio do ramo esquerdo não conhecidos previamente, devem ser tratados como um infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST, com fibrinólise ou angioplastia primária (veja apresentações atípicas do infarto agudo).
Em pacientes com insuficiência cardíaca o bloqueio de ramo esquerdo pode causar assincronia do ventrículo esquerdo (o septo e a parede lateral se contraem de forma assíncrona), piorando o prognóstico e os sintomas do paciente. A implantação de um marcapasso de ressincronização geralmente envolve uma melhora na função ventricular e na sobrevida dos pacientes.
O bloqueio de ramo alternante (bloqueio do ramo direito que alterna com bloqueio do ramo esquerdo) é critério de implante de marcapasso definitivo 3.