Bloqueios Atrioventriculares (Bloqueio AV)
Artigos relacionados: Bloqueio AV de primeiro grau, bloqueios AV de segundo grau, bloqueio AV completo.
Os bloqueios atrioventriculares (bloqueios AV) são um grupo de distúrbios do sistema de condução que causam que a estimulação eléctrica auricular seja conduzida com atraso ou não seja conduzida para os ventrículos 1.
São produzidos principalmente por uma alteração no nó atrioventricular (nó AV) ou do feixe de His, embora possa ser provocados por doenças em outras estruturas cardíacas (veja sistema de condução cardíaco) ou perturbações metabólicas, tais como hipercalemia.
Classificação dos bloqueios atrioventriculares
Os bloqueios AV são classificados em três graus, dependendo de sua gravidade.
- Bloqueio AV de primeiro grau.
- Bloqueio AV de segundo grau.
- Bloqueio AV de segundo grau, tipo I, Mobitz I ou Wenckebach.
- Bloqueio AV de segundo grau, tipo II ou Mobitz II.
- Bloqueio AV de terceiro grau ou bloqueio AV completo.
Bloqueio atrioventricular de primeiro grau
Artigo relacionado: Bloqueio AV de primeiro grau.
No bloqueio AV de primeiro grau, há um atraso na passagem do estímulo pelo nó AV ou o sistema de His-Purkinje, retardando o início do complexo QRS.
Bloqueio AV de primeiro grau, intervalo PR prolongado (0.52 seg)
As alterações características no eletrocardiograma é o prolongamento do intervalo PR (maior que 0,20 segundos), com QRS estreito na ausência de outras anormalidades.
Além disso, no bloqueio AV de primeiro grau, não existe interrupção da condução AV, de modo a que todas as ondas P são seguidas por QRS, ao contrário de outros tipos de bloqueios AV.
Mais informação em: Bloqueio AV de primeiro grau.
Bloqueio atrioventricular de segundo grau
Artigo relacionado: Bloqueio AV de segundo grau.
No bloqueio atrioventricular de segundo grau, ocorre uma interrupção descontínua da passagem do estímulo das aurículas para os ventrículos. Observado ondas P não conduzidas (não seguidas de QRS) no eletrocardiograma.
De acordo com suas características no eletrocardiograma, são classificados como de bloqueio AV de segundo grau tipo I (Mobitz I ou Wenckebach) e tipo II (Mobitz II).
Bloqueio AV de 2.º grau tipo I (Mobitz I ou Wenckebach)
No bloqueio AV de segundo grau tipo I, é observado um atraso progressivo da condução AV até a interrupção da passagem do impulso.
Bloqueio AV de segundo grau, Mobitz I (Wenckebach): Prolongamento progressivo do PR até que uma P (marcada em vermelho) não é conduzida
No ECG observamos:
- Prolongamento progressivo do intervalo PR até que uma onda P não é conduzida.
- O intervalo RR se encurta gradualmete até a onda P bloqueada.
- Complexo QRS de características normais, se não há outra alteração.
- O intervalo RR que contém a onda P bloqueada é mais curto do que dois intervalos RR anteriores.
Bloqueio AV de 2.º grau, tipo II (Mobitz II)
O bloqueio AV de segundo grau tipo II, é menos comum do que os anteriores, e geralmente envolve doença cardíaca subjacente 3.
Este tipo de bloqueio AV é caracterizado por um súbito bloqueio de condução AV, sem prolongamento do intervalo PR prévio.
No ECG observamos:
- Onda P bloqueada, intervalos PR anteriores e posteriores de duração semelhante.
- O intervalo RR que inclui a onda P bloqueada é igual à soma de dois intervalos R-R anteriores.
- Complexo QRS de características normais, se não há outra alteração.
Bloqueio AV de segundo grau, Mobitz II: PR constante antes de onda P no conduzida, últimos batimentos com condução AV 2:1
Em certos casos, pode seguir uma determinada sequência (cada três intevalos PR normais, uma onda P bloqueada) ou ser variável. Nos bloqueios de alto grau (avançados) pode ser vista mais de uma onda P consecutiva bloqueada.
Este bloqueio AV pode progredir para bloqueio AV completo inesperadamente e, geralmente, requer implante de marcapasso definitivo.
Mais informação em: Bloqueio AV de segundo grau.
Bloqueio atrioventricular de terceiro grau (bloqueio AV completo)
Artigo relacionado: Bloqueio AV completo.
O bloqueio atrioventricular completo (ou total) é caracterizado pela interrupção completa da condução AV. Nenhum estímulo gerado nos átrios passa para os ventrículos, de modo que os átrios e os ventrículos são contraídos cada um ao seu próprio ritmo.
O ritmo ventricular dependerá do ponto do sistema de condução onde o rimto de escape tem origem, no nó AV, feixe de His ou endocárdio ventricular (quanto mais alto o ponto do bloqueio, maior é a frequência cardíaca e os QRS mais estreitos)
Seus características no ECG são as seguintes:
Bloqueio AV completo a 44 bpm. Dissociação de ondas P (marcadas em vermelho) dos QRS
- Ondas P e complexos QRS sem relação entre eles, sendo maior a frequência das ondas P.
- Ondas P localizadas perto dos QRS, inscritos no QRS ou na onda T.
- A morfologia e a frequência dos complexos QRS dependem da origem do ritmo de escape. Se provenie do nó AV, a frequência será maior e os QRS estreitos. Se provenie dos ramos distais do feixe de His, haverá marcada bradicardia e QRS semelhantes ao bloqueio de ramo.
Mais informação em: Bloqueio AV completo.
Tratamento do bloqueios AV
Os bloqueios atrioventriculares de primeiro grau e de segundo grau tipo I (fenômeno de Wenckebach) geralmente não requerem tratamento, mas podem progredir para bloqueios de grau superior.
Os bloqueios atrioventriculares de segundo grau tipo II e de terceiro grau, normalmente exigem implante de marcapasso definitivo para o tratamento 4.
Antes de indicar um marcapasso permanente devem ser descartadas causas reversíveis de bloqueio AV, como a cardiopatia isquêmica ou o tratamento com drogas (beta-bloqueadores ou antiarrítmicos).
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Referências
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