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Desvio do eixo à direita


Desvio do Eixo à Direita

Artigos relacionados: Como calcular o eixo elétrico, desvio do eixo à esquerda.

Nos adultos, o eixo do QRS normal está entre -30° e 90°, considera-se desvio do eixo à direita quando ele está entre 90° e 180° 1.

O desvio moderado do eixo à direita é de 90° a 120°, e o desvio marcado do eixo à direita é, que se associa com frequencia ao bloqueio divisional posteroinferior, é entre 120° e 180° 2.

As situações nas quais se pode observar desvio do eixo à direita são as seguintes:

Causas do desvio do eixo à direita

Variações da normalidade

Nas crianças, geralmente se observa desvio do eixo do coração à direita 3 (ver eletrocardiograma pediátrico). Ao nascer, o eixo do QRS se encontra entre 60° e 160°. No primeiro ano de idade, o eixo muda gradualmente até estar entre 10° e 100° 4.

Na população adulta, as pessoas altas e magras tendem a ter um eixo do QRS desviado à direita 3.


Mudança da colocação dos eletrodos dos braços direito e esquerdo

A troca dos eletrodos dos braços é o erro mais frequente ao posicionar os eletrodos.

É fácil reconhecer este erro porque ele apresenta uma onda P negativa na derivação D1 em pacientes com ritmo sinusal, achado este que é raramente presente quando se tem alguma doença cardíaca 3.

Mudança da colocação dos eletrodos dos braços direito e esquerdo

Mudança da colocação dos eletrodos dos braços:
Onda P negativa na derivação D1. A derivação D1 é negativa devido. A derivação D2 é a derivação D3 e vice-versa. A derivação aVR é a derivação aVL e vice-versa.

Quando os eletrodos dos braços estão trocados, o ECG apresenta as seguintes alterações:

  • Onda P negativa na derivação D1.
  • A derivação D1 é predominantemente negativa devido à sua polaridade estar invertida.
  • A derivação D2 é na realidade a derivação D3 e vice-versa.
  • A derivação aVR é na realidade a derivação aVL e vice-versa.

Quando os pacientes apresentam fibrilação atrial ou ondas P não identificáveis, devemos suspeitar da troca de eletrodos dos braços quando a polaridade do complexo QRS na derivação D1 é contrária à das derivações precordiais esquerdas.

As morfologias dos complexos QRS nas derivações D1, V5 e V6 devem ser semelhantes em um ECG normal 3.


Hipertrofia do ventrículo direito

Artigo relacionado: Hipertrofia do ventrículo direito.

A hipertrofia do ventrículo direito (HVD) causa um deslocamento do vetor do QRS à direita e anteriormente, e ocasionalmente provoca um atraso no pico da onda R nas derivações precordiais direitas 5.

A HVD é frequentemente classificada, do ponto de vista eletrocardiográfico, com base nos padrões do ECG 3 5:

Um padrão consiste em ondas R altas e predominantes (morfologia de Rs, R ou Qr) nas derivações precordiais direitas (padrão típico de HVD) 3, e um segundo padrão que consiste em um bloqueio incompleto do ramo direito, que sugere uma sobrecarga de volume 5.

Ambos os padrões se associam a um desvio do eixo do coração à direita.

Mais informações em: Hipertrofia do ventrículo direito.


Infarto do miocárdio de parede lateral

Nos pacientes com infarto lateral, a perda de forças provenientes da parte esquerda pode provocar um desvio do vetor do QRS à direita.

Nestes pacientes, a onda R inicial na derivação D1 normalmente está ausente, e se observa com frequência uma onda Q patológica nas derivações precordiais laterais.

Também podem existir ondas T negativas nas derivações D1, aVL, V5 e V6 nos pacientes com infarto lateral.


Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

O padrão eletrocardiográfico característico nos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é atribuído a mudanças na orientação espacial do coração, pelo efeito isolante dos pulmões hiperinsuflados e pela baixa posição do diafragma.

As alterações típicas no ECG de pacientes com DPOC incluem ondas P pontiagudas nas derivações inferiores (D2, D3 e aVF), ondas S persistentes em todas as derivações precordiais, baixa amplitude da onda R em todas as derivações, e um eixo do QRS no plano frontal que pode ser indeterminado, ter um desvio superior ou à direita.



Referências

  • 1. Mason JW, Hancock EW et al. Recommendations for the Standardization and Interpretation of the Electrocardiogram. Part II: Electrocardiography Diagnostic Statement List A Scientific Statement From the American Heart Association Electrocardiography and Arrhythmias Committee, Council on Clinical Cardiology; the American College of Cardiology Foundation; and the Heart Rhythm Society Endorsed by the International Society for Computerized Electrocardiology. JACC. Mar 2007, 49 (10) 1128-1135. DOI: 10.1016/j.jacc.2007.01.025.
  • 2. Surawicz B, Deal BJ et al. AHA/ACCF/HRS Recommendations for the Standardization and Interpretation of the Electrocardiogram Part III: Intraventricular Conduction Disturbances. Journal of the American College of Cardiology Mar 2009, 53 (11) 976-981; DOI: 10.1016/j.jacc.2008.12.013.
  • 3. Surawicz B, Knilans TK. Chou’s electrocardiography in clinical practice, 6th ed. Philadelphia: Elservier; 2008.
  • 4. Goodacre S, McLeod K. Paediatric electrocardiography. BMJ. 2002 Jun 8; 324(7350): 1382–1385. DOI: 10.1136/bmj.324.7350.1382
  • 5. Hancock EW, Deal BJ et al. AHA/ACCF/HRS Recommendations for the Standardization and Interpretation of the Electrocardiogram. Part V: Electrocardiogram Changes Associated With Cardiac Chamber Hypertrophy: A Scientific Statement from the American Heart Association Electrocardiography and Arrhythmias Committee, Council on Clinical Cardiology; the American College of Cardiology Foundation; and the Heart Rhythm Society: Endorsed by the International Society for Computerized Electrocardiology. Circulation. 2009;119:e251-e261. DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.108.191097
  • 6. O'Connor M, McDaniel N, Brady WJ. The pediatric electrocardiogram Part III: Congenital heart disease and other cardiac syndromes. Am J Emerg Med. 2008 May;26(4):497-503. DOI: 10.1016/j.ajem.2007.08.004.

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