O marcapasso no eletrocardiograma
Espícula do marcapasso:
A estimulação por marcapasso elétrico se reconhece no eletrocardiograma como uma imagem vertical, alta e estreita, denominada espícula. Esta espícula tem menos de 2 ms de duração (meio quadrado pequeno) e deberá ser seguida por uma actividade eléctrica cardíaca (onda P se a estimulação é atrial ou complexo QRS se é ventricular).
Nomenclatura de marcapasso
Artigo relacionado: Nomenclatura do marcapasso.
O esforço combinado da North American Society of Pacing and Electrophysiology (NASPE) e do British Pacing and Electrophysiology Group (BPEG) definiu o código internacional para a classificação dos diferentes modos de estimulação por marcapasso (NBG). O código tem 5 letras que descrevem as funções mais importantes.
- A primeira letra designa a câmara onde se produz a estimulação: nenhuma (O) ventricular (V), atrial (A) ou ambas (D).
- A segunda letra indica a câmara onde se produz a detecção: nenhuma (O) ventricular (V), atrial (A) ou ambas (D).
- A terceira letra indica a resposta ao evento sentido: inibe (I), estimula (T de Triggered), duplo (D) ou nenhuma delas (O).
- A quarta letra indica a presença (R) ou ausência (O) de modulação da frequência cardíaca.
- A quinta indica se existe estimulação multissítio: nenhuma (O), atrial (A), Ventricular (V) ou qualquer combinação de A ou V (D).
Artigo relacionado: Nomenclatura do marcapasso.
Características dos eletrocardiogramas com marcapasso de acordo com o local da estimulação
Condução normal: o marcapasso inibe-se por sentir a actividade cardíaca própria.
No eletrocardiograma observa-se o ritmo normal, sem espículas de marcapasso. Isto é um funcionamento normal dos marcapassos, que é muitas vezes confundido com alterações dos mesmos.
Em caso de dúvida, pode-se colocar um ímã sobre o dispositivo para modificar ao modo assíncrono (VOO ó DOO), permitindo observar a estimulação do marcapasso 1.
Estimulação atrial: espículas do marcapasso seguidas de ondas P diferentes da onda P sinusal.
As ondas P são seguida dos complexos QRS próprios. (QRS estreito, se não existe outra alteração).
Estimulação ventrícular:
A espícula de marcapasso é seguida por um complexo QRS anormal, as características dos quais normalmente dão uma boa indicação da localização do cabo-eletrodo estimulante 1.
Estimulação ventricular direita: os complexos QRS são semelhantes aos de bloqueio completo do ramo esquerdo.
Em muitos pacientes, com morfologia típica de bloqueio completo do ramo esquerdo nas derivações dos membros e precordiais direitas há uma deflexão negativa predominante nas derivações V5 e V6.
Na maioria dos casos de estimulação ventricular, a ponta do cabo-electrodo está localizado no ápice do ventrículo direito. A sequência de despolarização desde o ápice até a base provoca complexos QRS negativos nas derivações inferiores.
Se o local da estimulação está no trato de entrada ou de saída do ventrículo direito, o eixo elétrico do QRS é geralmente normal.
Se o site está localizado imediatamente abaixo da válvula pulmonar, o eixo de QRS torna-se vertical ou desviado para a direita.
Estimulação bicameral: existem dois espículas de marcapasso, a espícula atrial seguida por uma onda P, e a espícula ventricular seguida por um complexo QRS semelhante ao bloqueio do ramo esquerdo.
Estimulação biventricular (ressincronização ventricular): a ressincronização ventricular com estimulação biventricular tornou-se uma terapia estabelecida para pacientes com disfunção ventricular esquerda na presença de assincronia ventricular devido a distúrbios da condução intraventricular.
O complexo QRS estimulado é muitas vezes menos largo que o complexo QRS causada por estimulação unicameral. O complexo QRS é muitas vezes positivo na derivação V1 quando o cabo-eletrodo do ventrículo direito está localizado no ápice.