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Eletrocardiograma de Marcapasso Elétrico


Marcapasso Elétrico

Imagem de: Medtronic

O marcapasso cardíaco definitivo é um dispositivo que é implantado cirurgicamente, para corrigir alterações do ritmo cardíaco, como os bloqueios atrioventriculares e a doença do nó sinusal.

Em traços gerais, a sua função é substituir a ausência de estímulo próprio para assegurar a contracção cardíaca.

Um marcapasso tem dois componentes principais: o gerador de impulsos (bateria, processador receptor de radiofrequência, etc ...) e os cabos-eletrodos, que são inseridos no músculo cardíaco.

Os marcapassos podem ser unicamerais, bicamerais ou tricamerais, dependendo da quantidade de cabos-eletrodos implantados. Os locais de implantação são: átrio direito, ventrículo direito e ventrículo esquerdo (no sistema venoso).

O tipo de marcapasso depende da doença que causa a bradiarritmia e as doenças subjacentes. Os marcapassos bicamerais são os mais implantados, indicados nas doenças do nó sinusal ou os bloqueios AV.

Os marcapassos biventriculares (tricamerais se também têm um eletrodo no átrio direito), têm um cabo-eletrodo no ventrículo direito e outro eletrodo no sistema venoso do ventrículo esquerdo.

O seu objetivo é a estimulação biventricular sincronizada , tentando corrigir a assincronia produzida pelo bloqueio do ramo esquerdo ou os marcapassos convencionais, em pacientes com disfunção ventricular esquerda.

O marcapasso no eletrocardiograma

Espícula do marcapasso:

A estimulação por marcapasso elétrico se reconhece no eletrocardiograma como uma imagem vertical, alta e estreita, denominada espícula. Esta espícula tem menos de 2 ms de duração (meio quadrado pequeno) e deberá ser seguida por uma actividade eléctrica cardíaca (onda P se a estimulação é atrial ou complexo QRS se é ventricular).

Nomenclatura de marcapasso

Artigo relacionado: Nomenclatura do marcapasso.

O esforço combinado da North American Society of Pacing and Electrophysiology (NASPE) e do British Pacing and Electrophysiology Group (BPEG) definiu o código internacional para a classificação dos diferentes modos de estimulação por marcapasso (NBG). O código tem 5 letras que descrevem as funções mais importantes.

  • A primeira letra designa a câmara onde se produz a estimulação: nenhuma (O) ventricular (V), atrial (A) ou ambas (D).
  • A segunda letra indica a câmara onde se produz a detecção: nenhuma (O) ventricular (V), atrial (A) ou ambas (D).
  • A terceira letra indica a resposta ao evento sentido: inibe (I), estimula (T de Triggered), duplo (D) ou nenhuma delas (O).
  • A quarta letra indica a presença (R) ou ausência (O) de modulação da frequência cardíaca.
  • A quinta indica se existe estimulação multissítio: nenhuma (O), atrial (A), Ventricular (V) ou qualquer combinação de A ou V (D).

Artigo relacionado: Nomenclatura do marcapasso.

Características dos eletrocardiogramas com marcapasso de acordo com o local da estimulação

Estimulação inibida por actividade cardíaca própria sentida

Condução normal: o marcapasso inibe-se por sentir a actividade cardíaca própria.

No eletrocardiograma observa-se o ritmo normal, sem espículas de marcapasso. Isto é um funcionamento normal dos marcapassos, que é muitas vezes confundido com alterações dos mesmos.

Em caso de dúvida, pode-se colocar um ímã sobre o dispositivo para modificar ao modo assíncrono (VOO ó DOO), permitindo observar a estimulação do marcapasso 1.

Marcapassos com Estimulação Atrial

Estimulação atrial: espículas do marcapasso seguidas de ondas P diferentes da onda P sinusal.

As ondas P são seguida dos complexos QRS próprios. (QRS estreito, se não existe outra alteração).

Estimulação ventrícular:

A espícula de marcapasso é seguida por um complexo QRS anormal, as características dos quais normalmente dão uma boa indicação da localização do cabo-eletrodo estimulante 1.

Marcapasos con estimulación Ventricular

Estimulação ventricular direita: os complexos QRS são semelhantes aos de bloqueio completo do ramo esquerdo.

Em muitos pacientes, com morfologia típica de bloqueio completo do ramo esquerdo nas derivações dos membros e precordiais direitas há uma deflexão negativa predominante nas derivações V5 e V6.

Na maioria dos casos de estimulação ventricular, a ponta do cabo-electrodo está localizado no ápice do ventrículo direito. A sequência de despolarização desde o ápice até a base provoca complexos QRS negativos nas derivações inferiores.

Se o local da estimulação está no trato de entrada ou de saída do ventrículo direito, o eixo elétrico do QRS é geralmente normal.

Se o site está localizado imediatamente abaixo da válvula pulmonar, o eixo de QRS torna-se vertical ou desviado para a direita.

Marcapaso com estimulação bicameral

Estimulação bicameral: existem dois espículas de marcapasso, a espícula atrial seguida por uma onda P, e a espícula ventricular seguida por um complexo QRS semelhante ao bloqueio do ramo esquerdo.

Estimulação biventricular (ressincronização ventricular): a ressincronização ventricular com estimulação biventricular tornou-se uma terapia estabelecida para pacientes com disfunção ventricular esquerda na presença de assincronia ventricular devido a distúrbios da condução intraventricular.

O complexo QRS estimulado é muitas vezes menos largo que o complexo QRS causada por estimulação unicameral. O complexo QRS é muitas vezes positivo na derivação V1 quando o cabo-eletrodo do ventrículo direito está localizado no ápice.


Interpretar um eletrocardiograma com marcapasso

Ler e interpretar um eletrocardiograma de um paciente com marcapasso é muito mais complexo do que escrever: “ritmo do marcapasso”. Neste artigo explicamos como fazê-lo: Como ler um eletrocardiograma com um marcapasso?


Alterações do marcapasso no eletrocardiograma

O eletrocardiograma é a primeira ferramenta com a qual contamos para detectar uma alteração de um marcapasso. Se você quizer se aprofundar mais sobre este tema, pode fazê-lo em:

Alterações do marcapasso no ECG

Referências

  • 1. Brignole M, Auricchio A et al. 2013 ESC Guidelines on cardiac pacing and cardiac resynchronization therapy. Eur Heart J; 2013. doi: 10.1093/eurheartj/eht150.
  • 2. Surawicz B, Knilans T. Chou’s electrocardiography in clinical practice. 7th ed. Philadelphia: Saunders Elservier; 2008.
  • 3. Bernstein AD. et al. The revised NASPE/BPEG generic code for antibradycardia, adaptive-rate, and multisite pacing. North American Society of Pacing and Electrophysiology/British Pacing and Electrophysiology Group. Pacing Clin Electrophysiol 2002 Feb; 25(2) 260-4. doi: 10.1046/j.1460-9592.2002.00260.x.

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