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Critérios para Taquicardia Ventricular no ECG


Sempre que temos uma taquicardia com complexo QRS alargado em um eletrocardiograma, devemos assumir por padrão que é uma taquicardia ventricular, embora isso nem sempre seja verdade.

Em certas alterações cardíacas podem ser observadas taquicardias com complexo QRS alargado de outra etiologia. Por exemplo, taquicardia supraventricular com bloqueio de ramo ou condução aberrante ou taquicardia por via acessória antidrômica.

Como você pode imaginar, o diagnóstico rápido e preciso de um eletrocardiograma com taquicardia ventricular é vital, e por isso oferecemos alguns critérios para o seu diagnóstico.

Lembre-se sempre de que a taquicardia ventricular é a causa mais frequente de taquicardia com complexo QRS alargado.

Critérios morfológicos de Wellens para TV

Em 1978, Wellens et al 1 propuseram os chamados «critérios clássicos» para ajudar no diagnóstico diferencial de uma taquicardia supraventricular com QRS largo e uma taquicardia ventricular.

Se a taquicardia de QRS largo apresenta um destes critérios morfológicos, é mais provável que seja uma taquicardia ventricular.

  • Presença de dissociação atrioventricular.
  • Presença de batimentos de fusão ou de captura.
  • Presença de padrão concordante: complexos QRS completamente positivos ou completamente negativos nas derivações precordiais de V1 a V6 1.

 

Critérios para TV con padrão de bloqueio do ramo esquerdo

Critérios de Taquicardia Ventricular con Bloqueio do Ramo Esquerdo
  • Complexo QRS >160 ms e desvio do eixo à direita.
  • Nas derivações V1-V2: onda r inicial e larga (>30 ms), onda S entalhada em sua porção descendente. Duração desde o início do QRS até o ponto mais profundo da onda S maior que 60 ms.
  • Na derivação V6: presença de onda Q inicial (qR) ou morfologia de QS.

Critérios para TV con padrão de bloqueio do ramo direito

Critérios de Taquicardia Ventricular con padrão de Bloqueio do Ramo Direito
  • Complexo QRS >140 ms e desvio do eixo à esquerda.
  • Nas derivações V1-V2: complexos qR, onda R monofásica ou complexos “em orelha de coelho” (RR') com a onda R mais larga que a onda R'.
  • Na derivação V6: presença de onda R menor que onda S ou morfologia de QS.

Critérios de Brugada para o diagnóstico de taquicardia ventricular

Esses critérios para taquicardia ventricular foram descritos pelos Drs. Brugada et al. em 1991 2. Se algum deles é preenchido, estamos diante de uma taquicardia ventricular, se nenhum é preenchido, é provavelmente uma taquicardia supraventricular.

Critérios de Brugada para taquicardia ventricular

É uma taquicardia ventricular se existe:

  • Ausência de complexos de RS nas derivações precordiais.
  • Algum intervalo RS maior que 100 ms em alguma derivação precordial.
  • Presença de dissociação atrioventricular.
  • Se atende aos critérios morfológicos de taquicardia ventricular nas derivações precordiais tanto em V1-V2 como em V6 (veja acima).

 

Se nenhuma das afirmações anteriores for atendida: é uma taquicardia supraventricular.


Critérios de Vereckei para o diagnóstico de taquicardia ventricular

Em 2008, foi proposto um novo algoritmo por Vereckei et al. 3 4, estes critérios são focados na derivação aVR, com o objetivo de fazer o diagnóstico de forma mais rápida 3. Fora isso, devem ser analisados na seguinte ordem.

Criterios de Vereckei

Se algum critério for atendido, é uma taquicardia ventricular.

  • 1. Presença de uma onda R inicial na derivação aVR.
  • 2. Duração da onda R inicial ou da onda Q >40 ms (um quadrado pequeno).
  • 3. Presença de entalhes na porção inicial descendente de um complexo QRS predominantemente negativo.
  • 4. Rácio de activação-velocidade ventricular (vi/vt) <1; vi/vt é a excursão vertical (em milivolt) registrada durante os 40 ms iniciais (vi) e terminais (vt) 40 ms do complexo QRS.

 

Se nenhum dos critérios for atendido, é uma taquicardia supraventricular.

Este algoritmo é preciso, razoavelmente rápido e fácil devido à eliminação completa dos complicados critérios morfológicos tradicionais e o simples requisito de analisar a derivação aVR 3.


Outros dados de taquicardia ventricular

Existem outros dados que nos ajudam a diagnosticar taquicardia ventricular

  • Presença de batimentos de fusão e com captura.
  • Relação ventrículo/auricular >1 (mais complexos QRS que ondas P).
  • Eixo cardíaco entre -90º e -180º (desvio extremo).

Referências

  • 1. Wellens HJ, Bar FW, Lie KI. The value of the electrocardiogram in the differential diagnosis of a tachycardia with a widened QRS complex. Am J Med 1978;64:27-33. doi: 10.1016/0002-9343(78)90176-6
  • 2. Brugada P, Brugada J, Mout L, Smeets J, Andries EW. A new aproach to the differential diagnosis of a regular tachycardia with a wide QRS complex. Circulation 1991;83:1649-59. doi: 10.1161/01.CIR.83.5.1649
  • 3. Vereckei A, Duray G, Szenasi G, Altemose GT, Miller JM. New algorithm using only lead aVR for differential diagnosis of wide QRS complex tachycardia. Heart Rhythm 2008;5:89-98. doi: 10.1016/j.hrthm.2007.09.020.
  • 4. Alzand BSN, Crijns HJGM. Diagnostic criteria of broad QRS complex tachycardia: decades of evolution. Europace . EP Europace 2011;13(4): 465-472. doi: 10.1093/europace/euq430

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