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Sobrecarga atrial direita no eletrocardiograma


Sobrecarga Atrial Direita

O estímulo elétrico de cada batimento cardíaco é gerado no nó sinusal, e a partir daí é distribuído para ambos os átrios que chegam posteriormente ao nodo AV. Essa atividade elétrica atrial é traduzida no eletrocardiograma como onda P.

A onda P é a onda inicial do ciclo cardíaco e é considerada normal quando mede menos de 2.5 mm de altura (0.25 mV) e menos de 0.12 s de comprimento (3 quadrados pequenos).

Essa onda é formada pela superposição da despolarização do átrio direito (parte inicial) e do átrio esquerdo (parte final).

Na derivação V1, sendo a onda P isodifásica, é comum observar ambos os componentes, com a primeira parte positiva correspondendo ao átrio direito e a segunda parte negativa correspondendo ao átrio esquerdo 1.

Sobrecarga atrial direita no ECG

Uma dilatação do átrio direito geralmente produz alterações na onda P, especialmente em sua parte inicial.

O crescimento do átrio direito causa um aumento na voltagem da onda P, ou seja, uma onda P maior que 2.5 mm. Se não houver sobrecarga atrial esquerda, não há aumento na duração da onda P.

Essa onda P alta com duração normal é classicamente chamada de P pulmonale. É visto mais claramente nas derivações inferiores.

Eletrocardiograma da Sobrecarga Atrial Direita

Sobrecarga atrial direita:
Onda P maior que 2,5 mv sem alargamento.

Na derivação V1, um componente inicial alto (maior que 1,5 mV) com duração normal também é observado.

O eixo elétrico da onda P (não é o mesmo do eixo QRS) também pode ser desviado para a direita ou o mesmo entre 75º e 90º 2.

Em resumo: O sinal mais notável do crescimento do átrio direito é uma onda P alta, maior que 2,5 mm (2,5 mV) em derivações inferiores e com um componente inicial em V1 alto, maior que 1,5 mm.

Sobrecarga Atrial Direita na derivação V1

Sobrecarga atrial direita:
Onda P com sua parte inicial com maior voltagem.

A presença de onda P pulmonale no eletrocardiograma é um sinal com sensibilidade e especificidade limitadas, uma vez que nem sempre está presente quando há dilatação do átrio direito pelo ecocardiograma e pode ser observado em pacientes com átrio direito normal 1.

Causas da sobrecarga atrial direita

O crescimento do átrio direito geralmente está associado à hipertrofia ou dilatação do ventrículo direito 1.

Qualquer patologia que cause aumento de pressão nas cavidades direitas pode causar dilatação do átrio direito.

Doenças pulmonares

É comum encontrar ondas P altas no ECG de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), embora nem sempre estejam presentes 3.

Em pacientes com hipertensão pulmonar, ondas P pulmonales também podem ser observadas no eletrocardiograma.

Ondas P pulmonales transitórias podem ser observadas na embolia pulmonar aguda, especialmente naqueles de grau severo 2. Também são observadas no pneumotórax ou no derrame pulmonar volumoso 3.

Doenças valvares direitas

A estenose tricúspide é uma patologia rara, quase sempre secundária à doença reumática. No ECG, observa-se como onda P pulmonale isolada, ou com sinais de crescimento biatrial, se houver também comprometimento da valva mitral 3.

A insuficiência tricúspide geralmente não apresenta um padrão típico no ECG, e é raro observar ondas P altas. O achado eletrocardiográfico mais frequente é a fibrilação atrial 3.

A estenose pulmonar provoca um aumento da pressão no ventrículo direito, como no átrio direito, de modo que ondas P altas podem ser observadas, acompanhadas de sinais eletrocardiográficos de hipertrofia ventricular direita 3.

Cardiopatias congênitas

A tetralogia de Fallot, a síndrome de Eisenmenger, a estenose pulmonar congênita ou a atresia tricúspide podem causar o aparecimento de ondas P pulmonale no ECG.

Causas da dilatação do átrio direito

Referências

  • 1. Surawicz B, Knilans T. Chou’s electrocardiography in clinical practice. 7th ed. Philadelphia: Saunders Elservier; 2008.
  • 2. Harrigan RA, Jones K. Conditions affecting the right side of the heart. BBMJ 2002;324:1201. doi: 10.1136/bmj.324.7347.1201.
  • 3. Bruce CJ, Connolly HM. Right-Sided Valve Disease Deserves a Little More Respect. Circulation. 2009;119:2726-2734. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.108.776021.

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